Você foi indicada para um parto cesárea pelo seu Médico, mas tem o sonho de ter um parto normal?
Confira 112 Indicações fictícias para a realização de um parto cesárea e veja quais são os reais motivos para a cesariana!
De acordo com estudos, o Brasil vem apresentando nos últimos anos uma das taxas mais elevadas de cesáreas do mundo.
“Muitos fatores apresentam-se relacionados a este fato e envolvem, principalmente, o aprimoramento da técnica cirúrgica e anestésica, a maior oferta de recursos propedêuticos indicando riscos para o feto, o aumento da incidência de gestações em pacientes com cesariana prévia, e fatores socioculturais relacionados à maior praticidade do parto programado.”
Se você está grávida e não tem a intenção de ter um parto cesárea, porém foi indicada para uma cesariana, você deve conferir antes os reais motivos que levam uma gestante a realizar um parto cesárea e os motivos fictícios que você não deve acreditar.
Importante:
Esse texto é da Médica Melania Amorim (Cientista, pesquisadora)
CRM-PB 5454 RQE 2567
Indicações de Cesariana Reais
1) Prolapso de cordão – com dilatação não completa;
2) Descolamento prematuro da placenta com feto vivo – fora do período expulsivo;
3) Placenta prévia parcial ou total (total ou centro-parcial);
4) Apresentação córmica (situação transversa) – durante o trabalho de parto (antes pode ser tentada a versão);
5) Ruptura de vasa praevia;
6) Herpes genital com lesão ativa no momento em que se inicia o trabalho de parto.
PODEM ACONTECER, PORÉM FREQUENTEMENTE SÃO DIAGNOSTICADAS DE FORMA EQUIVOCADA
1) Desproporção cefalopélvica (o diagnóstico só é possível intraparto, através de partograma e não pode ser antecipado durante a gravidez);
2) Sofrimento fetal agudo (o termo mais correto atualmente é “freqüência cardíaca fetal não-tranqüilizadora”, exatamente para evitar diagnósticos equivocados baseados tão-somente em padrões anômalos de freqüência cardíaca fetal);
3) Parada de progressão que não resolve com as medidas habituais (correção da hipoatividade uterina, amniotomia), ultrapassando a linha de ação do partograma.
SITUAÇÕES ESPECIAIS EM QUE A CONDUTA DEVE SER INDIVIDUALIZADA, CONSIDERANDO-SE AS PECULIARIDADES DE CADA CASO E AS EXPECTATIVAS DA GESTANTE, APÓS INFORMAÇÃO
1) Apresentação pélvica (recomenda-se a versão cefálica externa com 37 semanas mas se não for bem sucedida, discutir riscos e benefícios com as gestantes: o parto pélvico só deve ser tentado com equipe experiente e se for essa a decisão da gestante);
2) Duas ou mais cesáreas anteriores (o risco potencial de uma ruptura uterina – variando de 0,5% – 1% – deve ser pesado contra os riscos de se repetir a cesariana, que variam desde lesão vesical até hemorragia, infecção e maior chance de histerectomia);
3) hiv/aids (cesariana eletiva indicada se HIV + com contagem de CD4 baixa ou desconhecida e/ou carga viral acima de 1.000 cópias ou desconhecida); em franco trabalho de parto e na presença de ruptura de membranas, individualizar casos.
Indicações de Cesariana Desnecessárias
Algumas desculpas frequentemente utilizadas pelos profissionais para realizar uma DESNEcesárea (em ordem alfabética)
1. Abdominoplastia prévia
2. Aceleração dos batimentos fetais
3. Adolescência
4. Ameaça de chuva/temporal na cidade
5. Anemia falciforme
6. Anemia ferropriva
7. Anencefalia
8. Artéria umbilical única
9. Asma
10. Assalto ou outras formas de violência (gestante ou familiar foi vítima de assalto, então o bebê pode ficar estressado)
11. Bacia “muito estreita”
12. Baixa estatura materna
13. Baixo ganho ponderal materno/mãe de baixo peso
14. Bebê alto, não encaixado antes do início do trabalho de parto
15. Bebê profundamente encaixado
16. Bebê que não encaixa antes do trabalho de parto
17. Bebê “grande demais” (macrossomia fetal só é diagnosticada se o peso é maior ou igual que 4kg e não indica cesariana, salvo nos casos de diabetes materno com estimativa de peso fetal maior que 4,5kg. Não se justifica ultrassonografia a termo em gestantes de baixo risco para avaliação do peso fetal).
18. Bebê “pequeno demais”
19. Bolsa rota (o limite de horas é variável, para vários obstetras basta NÃO estar em trabalho de parto quando a bolsa rompe)
20. Calcificação da sínfise púbica (alegando-se que ocorreria em TODAS as mulheres com mais de 35 anos, impedindo o parto normal)
21. Cardiopatia (o melhor parto para a maioria das cardiopatas é o vaginal)
22. Cesárea anterior
23. Chlamydia, ureaplasma e mycoplasma
24. Circular de cordão, uma, duas ou três “voltas” (campeoníssima – essa conta com a cumplicidade dos ultrassonografistas e o diagnóstico do número de voltas é absolutamente nebuloso)
25. Cirurgia gastrointestinal prévia
26. Colestase gravídica
27. Coleta de sangue do cordão umbilical para congelamento e preservação de células-tronco
28. Colo grosso, colo posterior, colo duro, colo alto e (paradoxalmente) colo curto
29. Colostomia
30. Conização prévia do colo uterino
31. Constipação (prisão de ventre)
32. Cálculo renal
33. Data provável do parto (DPP) próximo a feriados prolongados e datas festivas (incluindo aniversário do obstetra)
34. Datas significativas como 11/11/11 ou 12/12/12 (ainda bem que a partir de 2013 precisaremos esperar o próximo século)
35. Diabetes mellitus clínico ou gestacional
36. Diagnóstico de desproporção cefalopélvica sem sequer a gestante ter entrado em trabalho de parto e antes da dilatação de 8 a 10 cm
37. Dorso à direita, dorso posterior, ou dorso em qualquer outro lugar
38. Edema de membros inferiores/edema generalizado
39. Eletrocauterização prévia do colo uterino
40. Endometriose em qualquer grau e localização
41. Epilepsia e uso de qualquer droga antiepiléptica
42. Episiotomia anterior
43. Escoliose
44. Espondilite anquilosante – Qualquer espondiloartropatia
45. Estreptococo do Grupo B (EGB) no rastreamento com cultura anovaginal entre 35-37 semanas
46. Exérese prévia de pólipos intestinais por colonoscopia
47. Falta de dilatação antes do trabalho de parto
48. Feto com “unhas compridas”
49. Feto morto
50. Fibromialgia
51. Fratura de cóccix em algum momento da vida
52. Gastroplastia prévia (parece que, em relação ao peso materno, se correr o bicho pega, se ficar o bicho come)
53. Gestação gemelar com os dois conceptos, ou o primeiro, em apresentação cefálica
54. Gravidez não desejada
55. Grumos no líquido amniótico
56. HPV (só há indicação de cesárea se há grandes condilomas obstruindo o canal de parto)
57. Hemorroidas
58. Hepatite B e hepatite C
59. Hiperprolactinemia
60. Hipertireoidismo
61. Hipotireoidismo
62. História de cesárea na família
63. História de câncer de mama ou câncer de mama na gravidez
64. História de depressão pós-parto
65. História de natimorto ou óbito neonatal em gravidez anterior
66. História de trombose venosa profunda
67. História familiar de fibrose cística do pâncreas
68. Idade materna “avançada” (limites bastante variáveis, pelo que tenho observado, mas em geral refere-se às mulheres com mais de 35 anos)
69. Incisura nas artérias uterinas (pesquisada inutilmente, uma vez que não se deve realizar dopplervelocimetria em uma gravidez normal)
70. Infecção urinária
71. Inseminação artificial, FIV, qualquer procedimento de fertilização assistida (pela ideia de que bebês “superdesejados” teriam melhor prognóstico com a cesárea) – motivo pelo qual esses bebês aqui no Brasil muito raramente nascem de parto normal
72. Insuficiência istmocervical (paradoxalmente, mulheres que têm partos muito fáceis são submetidas a cesarianas eletivas com 37 semanas SEM retirada dos pontos da circlagem)
73. Laparotomia prévia
74. Líquido amniótico em excesso
75. Magreza da mãe
76. Malformação cardíaca fetal
77. Mecônio no líquido amniótico (só indica cesariana se houver associação com padrões anômalos de frequência cardíaca fetal, sugerindo sofrimento fetal)
78. Mioma uterino (exceto se funcionar como tumor prévio)
79. Miscigenação racial (pelo “elevado risco” de desproporção céfalo-pélvica)
80. Neoplasia intraepitelial cervical (NIC)
81. Obesidade materna
82. Obstetra (famoso) não sai de casa à noite devido aos riscos da violência urbana
83. Paciente “não tem perfil para parto normal”
84. Parto “prolongado” ou período expulsivo “prolongado” (também os limites são muito imprecisos, dependendo da pressa do obstetra). O diagnóstico deve se apoiar no partograma. O próprio ACOG só reconhece período expulsivo prolongado mais de duas horas em primíparas e uma hora em multíparas sem analgesia ou mais de três horas em primíparas e duas horas em multíparas com analgesia. Na curva de Zhang o percentil 95 é de 3,6 horas para primíparas e 2,8 horas para multíparas)
85. “Passou do tempo” (diagnóstico bastante impreciso que envolve aparentemente qualquer idade gestacional a partir de 39 semanas)
86. Placenta grau III ou II ou I ou qualquer outra classificação
87. Plaquetas baixas não oclusivas do colo do útero
88. Possível falta de vaga em maternidade para um parto normal, caso a gestante não marque a cesárea
89. Pouco líquido no exame ultrassonográfico (sem indicação no final da gravidez em gestantes normais)
90. Praticar musculação ou ser atleta
91. Pressão alta
92. Pressão baixa
93. Problemas oftalmológicos, incluindo miopia, grande miopia e descolamento da retina
94. Prolapso de valva mitral
95. Qualquer malformação fetal incompatível com a vida
96. Qualquer procedimento cirúrgico durante a gravidez
97. Reação vasovagal
98. Retocolite Ulcerativa
99. Sedentarismo
100. Septo uterino/cirurgia prévia para ressecção de septo por via histeroscópica
101. Ser bailarina
102. Suspeita ecográfica de mecônio no líquido amniótico
103. Síndrome de Down e qualquer outra cromossomopatia
104. Síndrome de Ovários Policísticos (SOP)
105. Tabagismo
106. Trabalho de parto prematuro
107. Trombofilias
108. Varizes uterinas
109. Uso de antidepressivos ou antipsicóticos
110. Uso de heparina de baixo peso molecular ou de heparina não fracionada
111. Útero bicorno
112. Varizes na vulva e/ou vagina
texto: Melania Amorim (Médica Go CRM-PB 5454 RQE 2567)
1 Comment
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