Hoje, através desse texto, venho conversar com pais, mamães e responsáveis sobre um questionamento muito importante: que é refletir sobre o lugar que os filhos e filhas ocupam no ambiente familiar e nos lares que vivem.
Sabemos que a família, que pode ser composta em diversos formatos, ou os responsáveis e cuidadores de uma forma geral, se tornam a principal referência para as crianças e também os adolescentes.
O bebê ao nascer é dependente dos cuidados de outras pessoas.
Nascem fragilizados, a depender da amamentação/alimentação, da atenção ao choro, ao sono, dos cuidados de higiene e das demais demandas que perpassam o olhar e o acolhimento dos adultos.
Um acolhimento atravessado pelo amparo e afeto.
É preciso também acolher a criança em um ambiente que lhe proporcione segurança e bem estar e observar que será este ambiente aquele que irá contribuir para o seu desenvolvimento (cognitivo, afetivo, psicomotor e social).
Os cuidados com o crescimento, saúde, aprendizado do bebê ou da criança se dá além do ambiente que está inserido, se dá também através das relações com seus pares. Com os envolvidos por sua chegada, sua permanência, sua vinda passageira, digo isso por lembrar dos abrigos.
Com os adolescentes também as relações serão construídas pelas identificações com seus grupos e através de suas referências e familiares.
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CUIDAR: UM ATO DE AMOR
Sabemos que muitas famílias e lares possuem situações sócioeconômicas diversas, casas e moradias variadas, culturas e idiomas diferentes, rompimentos e vínculos que se dão de forma passageira ou não…
Mas o estreito relacionamento que esses bebês, crianças e adolescentes precisam ter com as pessoas que estão envolvidas com seus cuidados e que satisfaçam suas necessidades básicas, lhe deem amor e segurança se torna necessário para o seu desenvolvimento.
Desenvolver é poder também se envolver com o outro.
AS MUDANÇAS OCASIONADAS PELA PANDEMIA
Observar as relações de afetos e do envolvimento da criança no ambiente que vive, é algo que hoje em dia, tem sido tomado com grande atenção devido as mudanças que todos sofremos diante da pandemia.
Muitos lares se modificaram, muitas crianças e adolescentes passaram a ficar mais tempo em casa, devido a interrupção das aulas e das atividades externas. Antes alguns circulavam com maior frequência, iam ao shopping, clubes, parques de diversão e variados passeios.
Muitos deixaram de ir para creches, escolinhas e outros lares, como a casa de seus primos, de seus avós e amigos.
Como que essas mudanças tem afetado eles?
É muito importante os pais, mamães ou responsáveis escutarem o que as crianças dizem a esse respeito, como elas tem lidado com toda essa mudança. Alguns já relatam que estão com saudades, que querem sair para brincar, visitar os familiares e conhecidos. Querem voltar a rotina do dia a dia. Alguns se manifestam, outros nem tanto…
O que fazer?
COMO LIDAR COM AS EMOÇOES DOS FILHOS?
É muito importante, observar quais as emoções os filhos estão sentindo durante esse momento, e falar sobre elas. Nossas emoções são diversas, e podem se dar de forma constante, repentina e muitas vezes confusas.
Para que os pequenos possam compreender seus sentimentos, e emoções, é necessário primeiramente saber como nomeá-los e principalmente reconhecer que podem ser experenciados e expressados, sejam estas a raiva, o medo, a alegria, e tantos outras.
Por isso, é importante a mediação e atenção dos adultos. Os adultos são as principais referências que podem reconhecem a priori essas manifestações e alterações.
ATENTE-SE AO QUE O SEU FILHO MANIFESTA
Olhe para seu filho, se atente para as mudanças que ele apresenta ou não, mesmo que ele não fale ainda, se está mais quieto, mais agitado, mais calado ou mais inibido, mesmo que seja tão pequeno observe suas brincadeiras, seu choro, seu sono, sua alimentação, seu humor.
E se verificar alguma alteração que possa ser preocupante procure ajuda. Busque por um profissional que possa orienta-los a respeito.
Procure passar um tempo com seu filho, para dialogar, observar e verificar se algo diferente está acontecendo.
A IMPORTÂNCIA QUE TODOS NÓS TEMOS
Para que a criança se desenvolva e aprenda tudo que a sua potencialidade permite é indispensável um ambiente que a estimule adequadamente.
Famílias são diversas, tem conflitos, tem afetos. Tem famílias que se formam por relações formais, por casamentos, por união estável, união homoafetivas e parcerias diversas.
Mas o que importa mesmo, é o laço que todos fazem para se organizar em torno de um objetivo comum, do amor, dos filhos ou dos interesses entre os parceiros. Ou ainda, sem parceiros, aqui os que vivem apenas com seus filhos como as mamães e papais solo.
ECA- ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Criança e do Adolescente, que foi sancionado em 13 de julho de 1990, é o principal instrumento no Brasil que trata sobre os direitos da criança e do adolescente. Esse documento serve para nos orientar quanto aos direitos e deveres das famílias e responsáveis. Nesse ano de 2020 o ECA completou 30 anos, você sabia?
Cabe salientar aqui brevemente o que trata seu Art. 2º que considera como criança a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela pessoa entre doze e dezoito anos de idade.
Esse documento também reconhece a existência de três definições de família: a natural, a extensa e a substituta. Você sabia?
Dentre os vários termos previstos dessa lei, estão presentes o direito à vida, à saúde, ao esporte, à educação, à alimentação e à convivência familiar.
Foi também com a aprovação dessa Lei que crianças e adolescentes foram reconhecidos como “sujeitos de direitos” e novos rumos foram tomados para garantir a proteção de todos.
E QUE LUGAR ELES OCUPAM EM SEUS LARES?
Em nossa sociedade, e nos dias atuais, também consideramos que a “chegada” de um filho ou filha, também pode se dar de diversas maneiras, seja através de uma gravidez planejada, inesperada, por inseminação artificial e ou reprodução assistida e também adoção.
O lugar que cada um vai ocupar dentro do ambiente familiar irá depender da organização e estrutura de cada família. Alguns decidem por ter um só filho, outros mais, alguns vêm com um planejamento prévio, outros após um período de espera. Às vezes, de momentos delicados e difíceis, seja devido a complicações da gestação, do puerpério, do parto e do pós nascimento.
Estão todos preparados para a chegada de um filho? Nem sempre, não é?
Quantos papais e mamães de primeira viagem aprendem a partir desses primeiros cuidados…
É importante saber que o acolhimento perpassa o apoio desses pais e cuidadores e também pelo vinculo, integração e comunicação que as famílias têm com seus filhos e filhas.
Mas, afinal, qual é o lugar que temos possibilitado a esses pequenos nos dias de hoje, vamos pensar como está o relacionamento e vínculos de todos nas famílias e nos lares?
Como eles estão lidando com tudo ao seu redor? E como temos observado seu desenvolvimento?
Como estão as relações interpessoais, afetivas e emocionais envolvidas nesse processo?
Até o próximo texto.
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Luiz Henrique Miranda
Psicólogo Clínico
Pós Graduado em Saúde Mental
CRP 04/46378
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